terça-feira, 20 de abril de 2010

Em dias assim - Cafe Parte II

Hoje o dia virou completamente. Depois de muito sol e calor, abri a janela e vi as nuvens e a chuva. Uma boa pedida para um cafezinho, um não... Dois, três, quem sabe quatro..
Mas ontem, estava mal do estomago, com náuseas e aconteceu algo que raramente ocorre e que me deixa sempre de certa forma perplexa: não consegui degustar o meu café com prazer.. Tomei porque sou teimosa, ou por força do habito, mas meu organismo rejeitava cada gole, provocando em mim uma certa tristeza por estar renegando tão bom amigo.
Em toda minha vida, tive dois momentos em que fui obrigada a abrir mão do café.
A primeira vez foi em Paris. Tive uma overdose. Serio. Naquela época, eu devia tomar umas 5 canecas de café preto sem açúcar, manhã, tarde ou noite.
Foi justamente durante o "petit déjeuner" que senti o primeiro sintoma da overdose: o cheiro do café me deu engulhos. No albergue onde eu me hospedava, os cafés eram tomados a moda francesa: em tigelas e com leite. Passados alguns minutos, o café ficava de morno para frio. Só lembro-me de meu corpo recusando-se ao segundo gole. Insisti. Pas possible. Não era mais possível. Tristeza muito profunda. Fiquei algumas semanas apartada do meu companheiro, ele me chamava e eu precisava ser forte e dizer... ainda não.
A overdose passou e aos poucos retomei o habito. Confesso que nunca mais foi a mesma coisa. Comecei a evitar café muito forte à noite. Às vezes é preciso fazer concessões em prol da boa convivência.
A segunda vez foi mais recentemente. Tive uma ulcera no estomago. Dores lancinantes me comiam por dentro. Passei noites me contorcendo no chão, ate descobrir o meu problema. 
Estava sentada na frente do medico quando ouvi as temíveis palavras: 3 meses sem refrigerante, álcool e café.
O queeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee? 3 meses?You gotta be kidding! Como ir dar minhas aulas de inglês sem o meu copinho de café? Ou pior, como acordar sem a costumeira injeção de animo?
Não tive escolha. Parei. 3 meses. Substitui por chá. Cortei o refri para sempre de minha vida. Acostumei. Passei carnaval em Gamboa sem uma gota de álcool. A gente agüenta tudo. 
Fui forte e resisti. Pode ser clichê, mas é verdade: saúde em primeiro lugar. 
Fiz o tratamento, nova endoscopia, tudo ok. Liberada!
Comemorei com um copinho de plástico com o café da maquininha da Procergs. Nada muito glamoroso, mas extremamente cheio de prazer! Welcome back my friend!

domingo, 11 de abril de 2010

Meu amor, o café – Parte I



Em uma vida permeada por grandes paixões, seria quase lugar-comum chamar o meu apreço pelo café como paixão. Pois eu sou naturalmente uma pessoa apaixonada.
Mas a minha historia com o café é bonita, tem constância (coisa que muitas paixões não têm) e vem me acompanhando desde os idos tempos de Colégio Israelita, mais especificamente, semana de provas do “cientifico” (hoje ensino médio), ainda mais localmente: casa da minha amiga Silvia Wolff, na quase descidinha da Mostardeiro. Quem é de Porto Alegre sabe de onde estou falando.
Muito ocupadas que éramos com as aulas de ballet e ensaios, pouco tempo nos sobrava para estudar para as temidas provas. Alem de ocupadas, tremendamente pretensiosas, pois deixávamos todo estudo para a noite anterior ao teste.
Eu ia para a casa da Silvia, que era uma espécie de segundo lar para mim, a gente comia alguma coisinha rápida, preparada pela “nossa” baba Maroca e depois, rumo ao gabinete do pai dela para passar a noite em claro estudando. Sim, a noite inteira, em cima dos livros, revisando a matéria de um semestre. Como agüentar tudo isso? Só mesmo com uma térmica cheia de CAFÉ!!! Café preto, sem açúcar, foi assim que aprendi e comecei a tomar esse liquido precioso sem o qual minhas manhãs ficam vazias como um balão murchinho....

Sempre neuróticas com o peso, o fator “sem açúcar” era essencial. Ali se deu inicio um habito que me acompanha há 20 anos (ai credo). Também a minha amizade com a Silvia segue firme e forte. Nossa paixão (de novo, a madame paixão) pela dança foi o que nos uniu, o café abençoou e o resto contarei nos próximos capítulos.
Ah, sempre passamos nas provas. E muito bem. Modéstia a parte, uma noite para nos era o tempo suficiente de estudo. O resto, era só dança!