quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Poema sobre o Rio

RIO, porque sou feliz!

Poema de Abian M. Laginestra



Como posso falar de ti cidade paraíso?
Na noite cálida de uma cidade que aparenta não ter desânimos
Descanso minha mente nas pedras do Arpoador,
Contemplo o morro do Vidigal,
De longe ao som do mar,
Parece-me uma jóia de topázios e cristais.
Resplandecendo ao gosto da maresia depositada
Pelas ondas que acariciam você por inteira.
Única em suas formas.
Cidade que de tudo tem,
Somente as coisas chatas é que vós não herdastes.
Talvez porque aqui, num passado distante,
Tenha sido o verdadeiro Olimpio.
Motivo pelo qual, tenha sido criada com tamanho carinho e benevolência.
Em todos os pontos és magnífica.
Têm baía e restinga,
Possui uma linda e grande floresta,
Sobrevivente tenaz entre o seu glamour e entre a sua decadência,
Entre a sua riqueza e a sua pobreza
Foste engendrada para ser um eterno bebê,
Protegida pelas mesmas montanhas que fazem o teu berço.
Como se não bastasse tens um gigante deitado a te guardares.
De todos os pontos ostentas a sua furtiva beleza.
Até mesmo de dentro da Baía insiste em ter tudo,
Principalmente o que causa cobiça a todas as outras grandes como você.
Seja na Avenida Brasil ou seja na Vieira Souto,
sempre há algo para inebriar o espírito.
Num botequim qualquer na zona norte afrouxo minha gravata.
e esqueço os credores numa conversa que não tem pretensão de nada.
Num passeio no alto da boa vista pára meu carro,
Apenas para dar um grito no ar um pouco gélido.
No alto do Sumaré espio a vida de cá e de lá.
Na Barra passeio de bicicleta até o recreio.
Numa vã tentativa de captar toda a cidade.
Da pedra da Gávea tenho o mundo aos meus pés.
Em Guaratiba delicio-me com pescados e afins.
Já no domingo, balburdia no Maracanã,
alegria e tristeza entre os gols do campeonato.
Num feriadão, escolher entre a serra, as lagoas ou o mar.
Enfim essa é você.
Aonde e unicamente ternos e calções de banho convivem muito bem em qualquer dia mais quente no fim da tarde.
Rio de Verão, de Janeiro a Janeiro

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Com um dedo na estrada




Semana que vem, se tudo correr bem, estarei embarcando para o Rio de Janeiro depois de 14 anos de ausência.
A primeira vez que fui ao RJ era tão pequena que nem lembro.
A segunda, eu já era maior, uma criança de uns 8 anos e La pelo meio da viagem fiquei doente e minha mãe teve que voltar comigo às pressas.
Depois disto, acho que fui ao RJ em 1987, com minha amiga Silvia Wolff, a “baba” dela a Maroca e a minha mãe Zeca.
Silvia e eu, fanáticas da dança, tínhamos conhecido o professor da Escola do Municipal Emilio Martins e convencemos nossas famílias a irem conosco para uma temporada de aulas de ballet. Foi uma viagem e tanto e dela guardo inúmeras memórias.
Ficamos hospedadas num apart-hotel na rua Barata Ribeiro, bem no coração de Copacabana. De manhã, a mãe nos levava ate a Lapa para fazer aula com o Emilio Martins e de tarde a gente variava de estúdios e professores. Fizemos aulas com as lendárias Eugenia Fedorova (uma russa baixinha e gordinha, parecia a vó Saba) e com a outra russa e furiosa Tatiana Leskova, que no melhor estilo dos professores de ballet tradicionais, gostava de humilhar as bailarinas (não lembro bem o que aconteceu, mas tenho a vaga sensação que fiquei algumas horas chorando no chuveiro por conta desta aula). Eu sempre fui muito exigente e competitiva. Lidar com criticas e com a visão de tantas bailarinas melhores do que eu era algo que provocava sofrimento.
Mas, La pelas tantas, descobrimos o Studio 3, da Nora Esteves, onde fizemos aula com um jovem bailarino chamado... (bah, esqueci...). Mas lembro perfeitamente dele e de sua aula, bem dançante, leve, alegre. Nesta aula, consegui relaxar do stress exigido da técnica do ballet clássico e finalmente pus meu corpo a serviço da dança! Sensação boa, sentir o corpo se movendo sem medo, estimulado por um professor que enxergava meus atributos de forma não conservadora!
Depois desta viagem, voltei ainda diversas vezes ao RJ, uma cidade que faz parte da minha vida e que semana que vem irei ter o prazer de reencontrar!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Rafael, o Tutuli


Exatamente há 12 anos nascia o meu sobrinho Rafael.

Era um domingo ensolarado de inverno, acordei com os gritos da minha mãe sob a janela do meu quarto: “nasceu, nasceu”!!!

A primeira vez que o vi foi através do vidro da maternidade do Hospital Moinhos de Vento. Ele estava no colo do seu pai, Fernando.

O meu pai já estava la quando chegamos e ele comentava que o Rafael tinha o nariz de “pardal”, ou seja, um bom narizinho iidish!

Não sei precisar direito o que senti naquele primeiro encontro... Foi como se por alguns segundos o tempo parasse e só existisse aquela criaturinha tão pequena no mundo. Um forte sentimento de amor, de “ele é sangue do meu sangue”, se apoderou de mim. Não nasceu do meu ventre, mas do da minha irmã caçula, que eu me lembro de ter ido visitar no hospital no dia em que nasceu. É a vida andando e gerando novas vidas, novas existências, clichê ou não, é um milagre.

Rafael hoje faz 12 anos e é um dos meninos mais doces que já conheci. Tem uma sensibilidade transbordante, só não vê quem não quer. Tem olhos meigos, mãos bem branquinhas e dedos longos. Quando era nenê, eu o fazia dormir ao som de Frank Sinatra. Depois já mais grandinho, participava intensamente das minhas atividades artísticas, principalmente durante a “Era BU”. Eu ouso dizer que tem alma de artista, e mesmo que não se torne um, tem potencial para. E isso digo por já ter dividido o palco com ele durante uma dance Jam session em 2006 durante o II Encontro Meme.

Tudo que quero e desejo para o meu amado sobrinho é nada menos do que muito amor e felicidade. Que a vida lhe seja generosa e cheia de aventuras bacanas, muitos amigos, viagens, um futuro cheio de vida, aprendizados, batalhas vencidas, lições aprendidas.

E que eu esteja sempre por perto, para continuar acompanhando essa linda vida que começou há exatos 12 anos!

Parabens meu doce!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Declaração


Eu te amo
Palavras que jorram da minha boca
Diretamente do meu coração.

Eu te amo.
E te amo com os pés no chão.
Paixão de mais de 4 anos.

Sim, eu te amo.
Acredita no que digo.
Tu és o meu melhor amigo,
Aquele que quero para mim.

Seu teimoso, eu te amo!
Preciso gritar bem alto para me fazer escutar?
Tanto amor que tenho
Não quer calar.

Diga sim, eu te amo também.
E dos pés no chão podemos ir juntos a lua.
Na garupa da tua moto,
Pelas estradas, pelas curvas...

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Chegada em Paris 2005 - anotações

Arrival in Paris - July 25th

Breakfast with Miguel. He helped me out with the backpack to the station.
Au revoir Charlê! Merci Beaucoup et a bientôt!


Arrived at Gare d'est, took train 4 to Denfert Rochereau, 14th arrondissement. Walked up rue Daguerre. Very nice, lots of restaurants + cafes.

Met Branka, my hostess from hospitality.club.
Walked til Jardin de Luxembourg. 6th arrondissement. Beautiful. Montparnasse. Av. Raspail.
Crazy stories: the russian mom and daughter who travelled 6000km.
Immigration interview, guy speaking Russian.
Next day - July 26th
Fomos para aula de tai chi. À direita, um pedaço da Torre Eiffel, à esquerda, a Pont Neuf. À frente, o Sena e uma parte da Notre Dame. Pessoas as mais variadas, o camembert gritando solto, feliz da vida. Depois, caminhada nas margens do Sena, muitos barcos, turistas, coisas do Bresil. Almoço por 15 euros e 40 cents (2 pessoas), sanduíches. Ela é muito legal.
Penso no Rene. Hoje faz 2 semanas que ele se foi. Não quero esperar contato, mas espero. Eu deveria estar com ele, mas estou sozinha. Em Paris. Ai quem me escreve é o sweet Miguel. Penso nele mas de outra forma. Amizade e carinho. Tô preocupada com a situação de quinta. Preciso achar um lugar para ficar. Na Branka somente ate quinta. Preciso achar o Etienne. 
Caminhada a tarde. St. Germain-des-pres, St.Sulpice Church. People in the streets, lovers, friends, families.
I feel lonely.
Bomb threat in front of the building.
Sometimes I hate him to death.......
21 de julho de 2010 – como é bom re-escrever com o distanciamento do tempo e relembrar sem dor. Passou!

sábado, 5 de junho de 2010

Pensamentos


Estas são as mudanças da alma. Eu não acredito em envelhecimento. Eu acredito em alterar para sempre o aspecto de alguém para a luz. Eis o meu otimismo.”

Virginia Woolf



Hoje li esta frase e ela me fez pensar. Como se eu não pensasse o suficiente. Minha madrinha costumava me dizer que para uma “criança” eu pensava demais. Ou então, como dizem: Quem pensa demais não casa.
Vai ver é verdade pois ainda não casei. Pelo menos não oficialmente, mas esta é uma outra historia.

A frase da Virginia Woolf bateu em algo que vem me instigando ultimamente. No que crer quando muitas das coisas nas quais acreditávamos com toda a nossa alma simplesmente caem por terra? Sou eu uma otimista ou uma pessimista (pergunta que Carrie Bradshaw se faz em um dos episódios de Sex and the City)? Ser otimista significa ter fe? Mas fe em que exatamente?

A todo instante, a vida nos da provas que qualquer sensação de segurança é a mais pura ilusão. Um amor que dura anos pode do nada virar... lembranças e lembranças não te abraçam durante uma fria noite gaucha. Ainda bem que tenho os meus gatos.. Família, saúde, trabalho, tudo pode mudar do dia para a noite, e se não tivermos um eixo forte, a casa cai.

Uma das exceções a esta regra são as amizades. Experiência própria, bons amigos, perto ou longe, são constantes e te seguem ao longo da vida. Um pouco de chão nessa corda bamba. Amigos do peito, aqueles que te conhecem do avesso, todas as tuas fraquezas e mesmo assim, te aceitam e riem da tua desgraça contigo. Tenho ótimos amigos. Um motivo afinal para ser otimista!

Talvez o grande lance seja mesmo essa caminhada em direção a luz. LUZ. Primeira palavra que eu disse quando era bebê. Eu sabia que ia adorar um palco. E palco sem luz não tem muita graça. E todas as nossas experiências, positivas ou negativas, sejam apenas degraus de aprendizado. Talvez o sofrimento seja também algo a ser superado. Caminhamos como o personagem Dante na Divina Comedia, do Inferno ao Céu? Ou estamos sempre alternando céu e inferno?

Eu hoje tenho cordas internas que me ajudam a segurar a barra. Antes elas mais me enforcavam que ajudavam. E assim seguimos todos em direção.... Mãos vazias, coração cheio de.......... Como eu queria ser mais........... ou menos........ Eu bato no peito com força e injeto animo, um passo depois o outro, se for dançando tanto melhor.
Eu sou uma otimista. Mesmo quando no inferno.

domingo, 9 de maio de 2010

Domingo em Moscovo


                                        A vida colorida, 1907




“O Sol derrete toda a cidade de Moscovo, reduzindo-a a uma mancha que, tal como uma trombeta, põe todo o interior, toda a alma em vibração. Não, não é esta uniformidade vermelha o momento mais belo! É apenas o acorde final da sinfonia que confere a cada cor o paroxismo da vida, que faz ressoar e que arrebata toda a cidade de Moscovo como o fortíssimo de uma orquestra gigantesca.”

Wassily Kandinsky